Por que eu faço o que eu faço? Conectando os pontos da criatividade.

Perguntar o porquê do seu processo criativo como uma maneira de acelerar a verdadeira inovação.

Melissa Setubal
consciência criativa

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Para ser completamente honesta, eu não sei exatamente O QUE eu faço, para ser exata. Talvez porque quando nós pensamos no que fazemos, na maior parte do tempo, pensamos sobre trabalho/carreira. E se eu realmente me pergunto sobre isso, eu não consigo dizer que tipo de trabalho eu faço. Apesar que, hoje em dia, quando sou perguntada sobre minha profissão, eu respondo professora. Quando me perguntam do meu trabalho, eu respondo que sou uma catalisadora de desenvolvimento humano. E se eu realmente tento muito costurar cada tema que eu já estudei e cada atividade que esteve presente até o momento no que fiz profissionalmente, ou de forma amadora ou como voluntária com ações estruturadas, eu sou uma pesquisadora.

Mas, ao que me parece, eu sei o PORQUÊ.

Eu estou escrevendo isto como uma pesquisa e um texto pessoal, que algumas de minhas mentoras me pediram para escrever. Na mesma semana, minhas duas terapeutas e Juliana Garcia me sugeriram começar a colocar no papel o que eu consigo enxergar sobre meu futuro. Atualmente, eu estou participando em um dos cursos da Juliana: Escrita Criativa para colocar sua mensagem no mundo. Como uma consultora e mentora de conteúdos e marcas pessoais especializada em facilitadoras de desenvolvimento pessoal (e por sorte uma das minhas melhores amigas nesta existência), Juliana tem me ajudado não apenas com isso, para também em eu seguir vivendo a vida. Toda vez que eu decido estar em um de seus cursos ou mentorias pessoais, eu posso jurar que meu DNA se reconfigura.

Deixe-me explicar: ela não é uma pesquisadora médica que sabe como manipular genes, ou uma mágica ou uma santa. Apesar que ela é uma bruxa poderosa. Mas ela é uma das poucas pessoas que eu conheço que conseguiu desvendar como seu processo criativo funciona. E para mim, isso é algo próximo de um milagre. Porque ela não apenas superou e viveu muitas coisas desafiantes. Ela é corajosa o suficiente para olhar com profundidade para si mesma. O TEMPO TODO!

Eu penso que uma das principais razões nas quais sobre melhores amigas é porque nós praticamos religiosamente o esporte radical da AUTO-OBSERVAÇÃO. E nós sabemos que esta não é uma prática para os frágeis de espírito.

Eu tenho sofrido com diversas condições de saúde física e mental desde que me entendo por gente e, na verdade, estou atualmente me recuperando de um episódio de depressão profunda. Eu perdi toda a conexão com o valor da minha vida, e obviamente com minha capacidade de enxergar para além do sofrimento, meu próprio e de tudo que existe. Sonhar sobre algo para além disso era impossível. E tenho precisado de muito suporte e recursos para continuar respirando, para acreditar na vida.

Então, quando Juliana e minhas terapeutas me convidaram para escrever sobre meu futuro, meu corpo foi tomado por uma risada alta de desespero e impossibilidade. E não foi apenas sobre minhas dificuldades de acessar as conexões neurais para iniciar estes pensamentos, mas também porque eu tinha acabado de pedir para meus estudantes para criar como um projeto final de aula uma Autobiografia de Futuro. Enfim, a hipocrisia…

Eu tinha acabado de passar oito semanas junto com algumas pessoas doidinhas que, no meio das eleições mais malucas da história do Brasil e num dos momentos mais difíceis do mundo, decidiram participar do curso de pós-graduação Criatividade & Ambiente Complexo, na qual eu ensino sobre Inteligência Relacional e Consciência Criativa.

Eu venho pedindo insistentemente para o pessoal desenvolver suas Soft Skills (habilidades comportamentais), para olhar com profundidade seus bloqueios criativos e suas vergonhas, para praticar empatia e compaixão consigo e com os demais, para integrar suas identidades e valor próprio, para acolher suas sombras, e para cultivar intuição e fé. Tudo isso para serem capazes de enxergar as possibilidades para inovação em suas próprias vidas, as vidas dos demais e para além disso.

E eu, a professora, estava fugindo de olhar para meu futuro como o diabo foge da cruz, ou como muitos cristãos fogem do diabo.

Voltando para casa da última aula, era quase meia noite, eu podia ver as luzes brilhantes de uma avenida principal de uma cidade gigantesca. Minha mente começou a olhar para trás, alguns meses. Quando eu pensava que não seria possível deixar meu quarto cor de lavanda na casa da minha mãe, muito menos me deslocar de volta para São Paulo e ir numa sala de aula que nunca tinha estado antes, cheia de estranhos, e ensinar sobre alguma coisa que eu nem mesmo sabia se tinha mais validade. Pelo menos para mim.

Parecia tão estranho não estar mais em casa, com minha calça de pijama, no Zoom, podendo ir na minha cozinha para um lanchinho no intervalo da aula, ou ir ao meu banheiro, e não precisar lidar com trânsito ou pessoas por perto, dar a aula, como eu fiz nos últimos dois anos. E agora, o que parecia ser a única forma possível de ir de volta para o trabalho, não era mais uma opção.

Deixa eu te dar um contexto: quando eu aceitei dar essa aula, o plano era eu voltar para São Paulo por alguns meses, cada vez, para fazer isso. Mas na semana da primeira turma começar, o primeiro caso de Covid-19 foi detectado na faculdade, e tudo ficou em suspenso, o isolamento começou, e nós como instituição, como um curso, como corpo docente e discente tivemos que nos adaptar rapidamente. Não apenas para fazer o curso ser possível, como também para aprendermos como lidar com toda uma nova realidade.

Para mim, era apenas sobre virar uma professora online, o que já era um lugar familiar para mim, já que eu tenho ensinado online desde 2010! E parte assustadora vem agora: voltar ao “mundo real”, onde doenças socialmente transmitidas ainda acontecem, eu tenho que me expor a isso, a todos os tipos de estímulos, a pessoas, cheias de micróbios e julgamentos. Sem uma tela para me disfarçar.

Consegue enxergar a complexidade disso? Quando para mim foi possível, rápido e ok de me adaptar as aulas na dinâmica da pandemia, mas muitas pessoas estavam correndo como galinhas sem cabeça porque o mundo encolheu, expandir o meu agora parece um esforço hercúleo e que eu não sabia se seria válido.

Desenho em carvão preto e branco, com linhas hachuradas em toda extensão do papel, em diversas direções. No centro para o lado esquerdo mais abaixo do papel, uma mancha menos densa quase no formato de uma cabeça e pescoço humano.
imagem: Mel Setubal

Eu tive que começar a não olhar o tempo todo para dentro de mim, nem olhar tanto para fora de mim. Apenas para meu entorno imediato.

O que já estava na minha vida ou ao alcance fácil que estava ou poderia fazer ser possível para mim continuar estar viva e, nos meus sonhos mais loucos, fazer o mundo ter sentido novamente. Veja, aqui a auto-observação que eu falei lá no início.

Primeiro, eu observava minha disposição interna para apenas mais uma vez. Poderia eu acordar mais uma manhã? Poderia eu aparecer para mais uma sessão de terapia? Poderia eu ficar mais uma hora na sala de TV assistindo novela com minha mãe e conversar a respeito do capítulo do dia? Era possível expandir essa disposição apenas um pouquinho amanhã? Era uma dança desafiante dentro da minha mente.

Então, comunidade. Quem estava emocionalmente disponível para me encontrar onde eu estava emocionalmente, já que eu não estava em nenhuma condição de estar com essas pessoas? Ou ter paciência para esperar eu responder de mensagens de texto monossilábicas a cada duas semanas (ou sem resposta por meses), até conseguir estar em contato com maior frequência? De ligações de meia hora no Zoom para finalmente nos encontrarmos pessoalmente de novo? Receber amor e compaixão de pessoas no meu pior é uma prática de humildade e tanto. Lidar com o fato de que algumas pessoas que você ama não estão hábeis ou disponíveis no momento para o que você precisa é outra experiência que traz muitos ensinamentos sobre si e sobre as manifestações do amor e da compaixão, de limites e necessidades.

Perceber os recursos disponíveis. Usando minha disposição interna e da comunidade, seria possível começar a expandir a percepção do que está ali que eu posso usar para me levantar? Ou até para levantarmos ambas pessoas? E antes que você pense que eu estou falando de coisas místicas, mindset de abundância, leis da manifestação, eu não estou.

Estou falando da audácia de questionar o que nós escutamos todo o tempo quando estamos em depressão ou estados limitantes de pensamentos (ou chame isso de efeitos do capitalismo) que dizem que não há saída. Porque há. E eu não estou falando de um lugar de “se eu posso, você também pode”. Eu estou compartilhando isto justamente do fundo da minha sombra, daquelas dias quando a única saída era ousar esperar por outro dia chegar.

Outro ponto importante de perceber é o ambiente. São tantos os aspectos que não são controláveis e não são possíveis de alterar. É assoberbante para a mente e excruciante para alma. Muito da minha crise depressiva veio disso, dessa vez. Eu simplesmente não podia aguentar o mundo. Mais que nunca, a crueldade e a falta de cuidado dos seres humanos, consigo mesmo, com cada um, com o planeta. Então, o que é realmente possível quando o que nos cerca parece assustador demais?

À medida que eu ia cultivando esse senso frágil de disposição interna, eu comecei a observar: o que eu podia usar no meu ambiente imediato que eu poderia usar como uma espécie de âncora da realidade fora de mim, nem que fosse por apenas um minuto? O que poderia me conectar com o mundo de uma maneira que eu poderia me sentir segura e confortável o suficiente? Porque eu me dei conta que eu tenho fome de conexão. O tipo de conexão que faz meu coração cantarolar e dançar.

Entender conexão é mais sobre reconhecer quando e onde isso já se manifesta, do que fazer isso acontecer.

Sempre foi um mistério para mim o porquê a gente existe e precisamos uns dos outros. Um senso de desconexão da realidade e dos outros parecia estar comigo desde que eu consigo me lembrar.

Ao mesmo tempo, sempre parece que a forma de responder essas questões só é possível por meio desse movimento de internalização, ficar sozinha, brincar comigo mesma, e ir para fora, interagir, brincar com os demais. Além disso, de SABER quando e por quanto tempo é mais benéfico fazer cada uma dessas coisas.

E CONECTAR
comigo mesma
os pontos e com outros corações
para que eu possa cantarolar
dançar
EXISTIR.

Desenho em grafite e carvão em tons de cinza. Seio visto de uma lateral com axila aberta com alguns pelos e uma pequena parte do tronco. Sombreado na parte mais baixa do corpo, mamilo em tom mais escuro. Fundo esfumado.
imagem: Mel Setubal

Minha maneira de encontrar possibilidades de conexão começou a entrar nos eixos quando eu observei meu estado mental quando eu escolho engajar com essas possibilidades. Não exatamente com aquela coisa que eu morro de paixões (eu nunca tive aquelas coisa que faz meu mundo ter sentido). Eu quero dizer aquelas coisas aparentemente aleatórias que segue aparecendo de novo e de novo na vida, e que se parece mais com uma amiga.

ESCRITA.

Eu tenho memórias de ter tanta vontade de ler e escrever. Foi o primeiro portal mágico de conexão que eu atravessei. Talvez porque, como segue a história contada por minha mãe, aos dois anos de idade, eu estava constantemente frustrada de tentar falar e ainda ser incompreendida pelos outros. De alguma forma, meu cérebro pode fazer a conexão dos pontos de que alguns desenhos estranhos eram imediatamente compreendidos pelos adultos.

Minha mãe me incentivou a escrever com alguns jogos simples, e rapidamente se tornou claro para ela que eu achava isso meio fácil e fascinante entender o que os demais também podiam. Era um porto seguro para voltar, a qualquer momento, quando eu parecia ter abandonado ou transformado em algo funcional para o trabalho. Na maior parte do tempo, escrever é apenas para mim mesma.

MÚSICA.

Mais precisamente, quando eu pedi para fazer aula de piano, que foi o segundo portal mágico de conexão que eu atravessei. Eu tinha seis anos, uma criança vivendo em uma cidadezinha na costa de um estado bem esquecido do Brasil (o que é uma pena, pois é um lugar bem bonito). Então, estava exposta a quase nada de cultura erudita. De algum jeito, essa professora de piano veio morar na cidade, colocou alguns panfletos na escola, que eu trouxe para casa e disse: Eu quero! Minha sorte é que minha mãe, na juventude, amava escutar música clássica no rádio do vizinho, e imediatamente aceitou a ideia. Um ano depois, ela também começou a ter aulas, um ano depois desse meu irmão quem começou, e um piano veio morar na nossa “chique” sala de visitas, para eu tocar o quanto eu quisesse.

Depois disso, minha curiosidade se expandiu para outros instrumentos e para o canto, e outros gêneros musicais e formas de fazer música — na universidade, eu era a rockeirinha com uma banda só de meninos. Agora, meu ukulele roxo de verniz brilhante que minha companheira me deu de presente acompanha minha voz quase afinada nas minhas tentativas de cantar música pop. Tem sido um ponto de referência, a qualquer momento, mais que nunca quando me sinto ansiosa ou animada. É bem mais legal estar com a música desde que eu desapeguei das regras e das críticas que estavam coladas com essa experiência, por causa de anos de treinamentos clássicos no conservatório.

TV E FILMES.

O terceiro portal mágico de conexão que eu atravessei, eu não consigo precisar o momento que passei. Talvez porque, por muito tempo, eu não conseguia me reconhecer ali na tela em quase nada que eu assistia. Mas eu sabia que eu conseguia me divertir, me anestesiar da minha mente tagarela, e aprender TANTO! Con certeza, TV e filmes marcam o começo da minha carreira de pesquisadora. Porque eles tem me mostrado sobre o mundo de uma maneira muito envolvente, mais que tudo me oferece tantas perspectivas de como humanos se comportam, algo que me dá um nó na cabeça desde pequena (e ainda continua).

Esta combinação de arte e entretenimento é incrível para mim porque me dar a chance de experimentar com emoções de uma maneira mais segura que nas relações reais. Ali, eu consigo perceber que humanos são um bando de ferrados, tentando amar, ser bem-sucedidos, conectar, falhando miseravelmente e fazendo coisas maravilhosas, e tudo que existe entre esses dois extremos. Assim como eu.

Tem momentos que alivia minha dor e me permite me reconectar com a alegria. E, algumas vezes, me tira do mundo porque eu não sei como lidar com os sofrimentos ou o que parece assustador lá fora, e eu desconecto.Mas é fascinante que nós, humanos, somos capazes de produzir uma maneira tão rica de contar estórias que permitem conexão.

ENGLISH.

Como minha segunda língua, eu ter aprendido a me comunicar em inglês é uma ferramenta que mudou minha vida, que eu fui muito sortuda de ter sido exposta tão cedo. Imediatamente isso se tornou meu quarto portal mágico de conexão que eu atravessei, quando eu tinha nove anos. O inglês me deu a possibilidade de expandir tanto sobre o que existe e o que é criado. Foram nas aulas de inglês, nos anos 90, que eu aprendi primeiro sobre sustentabilidade antes disso ser importante, sobre ser uma cidadã do mundo antes da globalização, sobre como argumentar com confiança.

Meu universo ficou bem mais rico depois que eu fui capaz de aprender mais línguas. Ter objetivos como aprender uma língua apenas para ler alguns autores no original, ou apenas porque é divertido de escutar. Eu fico bem p… da vida porque eu não consigo entender todas as línguas e que tanta gente não tem acesso a tantas criações e inovações incríveis por causa da barreira de linguagem entre os humanos.

COZINHAR.

O mais delicioso de todos, meu quinto portal mágico de conexão que eu atravessei é, sem dúvidas, o mais surpreendente também. Eu fui famosa por ser uma criança que comia devagar e muito seletiva, desde as primeiras tentativas de consumir algo além do leite materno ou da mamadeira. Desde que eu fui capaz de escolher o que comer e preparar algum miojo ou misto quente, comida altamente processada era onde eu me abastecia.

Ao mesmo tempo, foi aí quando o cozinhar me deu autonomia sobre o meu comer que eu nunca tive. Quando eu tinha 16 anos, eu fui aceita na universidade, mas eu tive que esperar por nove meses para começar os estudos, por causa da minha colocação no vestibular e uma grande greve no governo federal. Eu tinha todo o tempo do mundo, apenas terminando meu curso de inglês, indo no grupo de jovens da igreja, e assistindo muita TV.

Eu comecei a notar muitos programas de culinária, tanto na Tv aberta quando a cabo. E a curiosidade do meu sentido do paladar começou a ser acionado, e algumas receitas pareciam tão fáceis quanto abrir pacotes e esquentar coisas de uma determinada forma. Desde o começo, funcionou! Eu conseguia fazer, as pessoas em casa pareciam gostar. Eu fui tendo prazer no cozinhar com ingredientes frescos, comer o que eu desejava, assistir os demais agradecidos e impressionados com o que eu criei.

Pode ser mesmo frustrante, estressante, bagunçado, e levar muito tempo. Algumas vezes, a comida de entrega ou abrir latas e comer com pão parece muito mais interessante, até mesmo quando a geladeira está abastecida de vegetais maravilhosos. Mas o resultado de cozinhar vale muito a pena. Eu me sinto inspirada depois de experimentar comida bem feita que eu cozinhei, ou preparar junto com pessoas que amo, ou até mesmo experimentar a comida de outras pessoas quando eu sinto o cuidado e o foco de trazer alegria num prato pros demais.

ARTE.

Um portal mágico de conexão que quase sempre esteve ali são as expressões artísticas. Fazer a minha própria ou admirar a criação de outras pessoas. A habilidade de representar a vida de qualquer maneira que se queira ou possa é a coisa mais humana de todas. Alguns anos atrás, eu estava assistindo um vídeo da filósofa Viviane Mosé, na qual ela afirma que arte é a única manifestação humana que ao invés de produzir sofrimento, nos permite dar sentido para o sofrimento e o processar.

Intuitivamente, eu sempre me voltei para a arte como uma maneira de dar vazão para meus sentimentos fortes, confusos e incompreendidos. Desde os desenhos tremidos de criancinha aos livros que desenhei e escrevi quando maior. Desde tocar meu amado piano até cantar junto com as música que tocava no aparelho de som. Desde pintar a fazer colagens quando pré-adolescente. De poemas de amor não correspondido de amor adolescente ate cantar canções de rock raivosas na banda. Desde fotografia, quando meu pai me presenteou uma câmera profissional manual, até ser convidada por minha companheira para fazer aulas de desenho juntas.

Desenhar, e a maneira extremamente compassiva que meu mentor me ensina, tem me permitido diminuir o tom da minha auto-crítica. A razão é porque isso deixa essa voz muito mais alta! E quando ela aparece neste ambiente seguro, controlado e escolhido com consciência, eu me sinto mais capaz e apoiada para acolhê-la, nutri-la e torná-la em inspiração e numa aliada.

Esteja ciente que eu estou escrevendo tudo isso em retrospectiva, então está tudo editado pela minha mente de uma pessoa de cerca de 43 anos tentando dar sentido para a vida novamente e para minhas experiências.

Desenho em pastel oleoso de um pássaro pousado em um galho de árvore visto de lado. O pássaro está em tons de azul royal e preto (bico, olho, queixo, contorno das asas). Pernas e pés em laranja e marrom. Galho em tons de marrom. Fundo de manchas em tons de verde e marrom bem apagados.
imagem: Mel Setubal

Mas, cadê o caminho para a inovação, você deve estar se perguntando, depois de • t o d o • e s s e • t e m p o • lendo sobre minhas idas e vindas da depressão e dos meus simples hobbies?

Nas sábias palavras de Brené Brown: não existe inovação sem vulnerabilidade. E não existe vulnerabilidade sem a coragem de observar a si mesme e se conectar de todo ser com algo além. Inovação verdadeira comumente vem de se conectar profundamente com isso.

Para honrar as próprias criações e as criações dos demais é compreender mais que as maneiras de se inovar, mas mais que tudo, a escolha consciente de PORQUE NÓS CRIAMOS.

E se eu tenho uma coisa realmente importante para compartilhar aqui, fique com isso: talvez não se acomode com UM PORQUÊ para sempre. Foque em sentar com a pergunta do POR QUÊ com maior frequência, e apenas escute.

Então, porque eu faço o que eu faço? Qual futuro eu sonho criar? Qual inovação eu quero manifestar no mundo?

Finalmente, me permita completar a atividade que minhas mentoras me pediram para fazer, como eu disse no começo deste texto. Depois de viajar de volta na memória até onde eu me encontro agora me minha mente, eu vou ousar responder estas questões.

Agora, eu faço o que eu faço porque eu preciso me sentir conectada, para sobreviver e para ficar viva. É uma necessidade básica como ser humano, então meu foco é oferecer isso para mim e para mais pessoas. Simples. Sem termos difíceis, sem “minha missão como um ser espiritual neste mundo material”, sem procurar pelo fantástico, extraordinário, “me faça me sentir especial”.

O futuro que eu tenho sonhado para mim é continuar expandindo formas de me sentir conectada. É por meio de procurar as formas que eu já me senti conectada antes que estou encontrando diferentes possibilidades de me sentir conectada de agora em diante. É por meio de procurar as formas que eu já me senti conectada antes com as “minhas pessoas” que eu tenho encontrado possibilidades de me conectar com mais pessoas novas. É por meio de procurar as formas que eu já me senti conectada antes com o ordinário na minha vida que a mágica se apresenta de novo.

A inovação que eu quero manifestar no mundo é a mágica de sentir. E experienciar o que está sendo sentido no momento em que isso acontece. E usar isso para me conectar com o que está para além do meu senso de identidade. E criar qualquer coisa daí que possa beneficiar pelo menos algo que existe com o mínimo de sofrimento para os demais. E as emoções geradas nutrir as próximas criações. Eu quero que a gente possa SENTIR TUDO, ao invés de temer as emoções, prosperar com elas.

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